Apresentação e Objetivos - Simpósio XXI

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XXI SIMPÓSIO DE ESTUDOS E PESQUISAS DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO – FE/UFG

PEDAGOGIA E PSICOLOGIA: FORMAÇÃO E IDENTIDADE SOCIAL

18 a 21 de junho de 2013

 

Apresentação

 

A Faculdade de Educação promoverá, no período de 18 a 21 de junho de 2013, no campus Colemar Natal e Silva, Campus I, em Goiânia, o XXI Simpósio de Estudos e Pesquisas da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás, que terá como tema central “Pedagogia e Psicologia: formação e identidade social”.

A temática proposta objetiva sintetizar debates, estudos e pesquisas no âmbito da complexa relação entre trabalho, profissionalização, formação e o sentido da experiência, considerando, sobretudo, a história e a constituição dessas duas importantes áreas do conhecimento no contexto da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás.

Ademais, além de mostrar aproximações e distanciamentos no que diz respeito ao trabalho educativo, às práticas formativas e à concepção identitária do pedagogo e do psicólogo, a definição temática justifica-se, fundamentalmente, por duas razões: a primeira refere-se à necessidade de aprofundar estudos e pesquisas acerca da identidade profissional e social de pedagogos e psicólogos, considerando a produção teórica no âmbito local, nacional e internacional, bem como o contexto de profundas transformações na sociedade contemporânea; a segunda, diz respeito à urgência em analisar as atribuições específicas referentes à profissão tanto do pedagogo quanto do psicólogo frente à contraditória demanda mercadológica pelo trabalho especializado e fragmentado.

De fato, segundo Antunes (2011), se por um lado o trabalho tornou-se complexificado, fragmentado e heterogeneizado, a partir dos novos desafios impostos pelo processo de reestruturação produtiva do capital, por outro lado, sob a condição da precarização, sofreu uma forma ainda mais intensificada e brutalizada de estranhamento, conforme expressão de Lukács (1981), pautada na degradação da condição humana.

Desse modo, nos marcos da sociedade capitalista, a exploração da atividade essencial humana, mediante um trabalho fragmentado e alienado, coloca a necessidade de se (re)pensar o espaço-tempo no qual se desenvolve o processo de formação e construção da identidade de pedagogos e psicólogos.

A “modernização da educação”, considerando todos os aspectos que a expressão carrega: organização burocrática da escola, tecnização dos processos de ensino, homogeneização dos currículos, compartimentalização dos conhecimentos em disciplinas isoladas, entre outros, é proclamada pelas bases de uma sociedade tecnizada e instrumentalizada pela racionalidade

técnico-científica. Em decorrência dessa lógica, certa concepção de ciência, tecnologia, progresso, profissionalização implicam na redefinição do papel da escola e da universidade na formação dos profissionais pedagogos e psicólogos. Nesse contexto, posturas que advogam ideias de inspiração illichiana (SAVIANI, 2008), pautadas na ilusão de que a transformação do mundo e da sociedade decorre diretamente da transformação e do aprimoramento íntimo do sujeito, questionam se a educação é, de fato, capaz de garantir a humanização e a emancipação do homem enquanto indivíduo e cidadão.

Do enunciado acima decorre dois aspectos instigantes e de enorme importância: o primeiro, ao recorrer a Duarte (2001), diz respeito à necessidade de problematizar e compreender o papel dessa ilusão, que não é inócua ou irrelevante, na reprodução ideológica da formação societária; e o segundo, ao fazer menção a Freire (2000, p. 67), refere-se à premissa de que “se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”.

Essa proposição de Freire (2000) é corroborada por Coelho (2003), ao afirmar que:

 

A educação é um ato profundamente significativo e importante para a humanidade, a sociedade e as pessoas, e indissociável dos processos de compreensão e de transformação do mundo e da sociedade, de criação de direitos, de produção do real como outro, diferente do que existe. Na sociedade homens concretos, historicamente determinados, criam formas de existência social e estas tornam possível a emergência de seres humanos, o que seria impossível sem a educação, cujos vínculos com a sociedade são demasiados estreitos e profundos para que possam ser esquecidos e silenciados (COELHO, 2003, p. 48).

Portanto, as possibilidades de uma efetiva emancipação humana podem encontrar concretude e viabilidade social se o trabalho for concebido como princípio educativo. Isto quer dizer, como bem observou Frigotto (1999), que a educação não pode estar vinculada ao trabalho como forma controlada de atender às necessidades adaptativas, funcionais e de treinamento do trabalhador impostas pelas demandas do capital. Ao contrário, deve ter como preocupação fundamental o trabalho em sua forma mais ampla, afinal, segundo Saviani (2008, p. 24), “o trabalho educativo é o ato de produzir, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens”.

Trata-se de um convite à reflexão radical, rigorosa e de conjunto, proposta tanto por Coelho (2003) quanto por Saviani e Duarte (2010) sobre os problemas que a realidade apresenta, desentranhando a inteligibilidade de uma experiência opaca que se oferece para ser compreendida, negada, superada, enquanto real imediato, em detrimento à lógica dos discursos que se restringem à mera repetição dos conhecimentos instituídos.

Nos embates desencadeados surgem as seguintes questões: Como se institui o processo de formação de pedagogos e psicólogos em uma sociedade que insiste na hegemonia do modelo de competências? Qual é o papel do pedagogo e do psicólogo frente ao compromisso social pela defesa do ensino e do atendimento público de qualidade, considerando as exigências do mercado de trabalho? Como pensar políticas de formação que promovam movimentos de resistência e de superação do modelo societário em pauta? De que modo a universidade se coloca, hoje, como espaço de discussão dessas políticas de formação?

Essas questões complexas e, possivelmente, inconclusas, encontram eco nas reflexões de Zanolla (2007), ao alertar-nos para a necessidade de investir na construção da identidade do pedagogo e, acrescentaríamos, do psicólogo, dentro do princípio da criação de uma humanidade, um educador, um aluno, como sujeitos culturais e políticos. Isso pressupõe, segundo a autora, privilegiar a formação humana como inserção crítica no universo da cultura, o que suscita a formulação de uma questão preliminar: afinal, que ser humano queremos formar?

Nada mais urgente, portanto, do que abrir um espaço de reflexão, provocação e debate a todos aqueles que, sob as falaciosas políticas neoliberais do mundo globalizado, vivenciam/se preocupam com os processos de formação e construção da identidade do pedagogo e do psicólogo.

 

3. OBJETIVOS

 

3.1. OBJETIVO GERAL

 

Promover e ampliar troca de experiências, debates, estudos e pesquisas a partir de variadas matrizes epistemológicas referentes à temática “Pedagogia e Psicologia: formação e identidade social”, através do XXI Simpósio de Estudos e Pesquisas da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás.

 

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 

  • Proporcionar um espaço de interação entre pesquisadores interessados nos balanços da produção do conhecimento nas áreas da Educação e da Psicologia;
  • Dar visibilidade às pesquisas dos estudantes e docentes envolvidos nos estudos do campo da Educação e da Psicologia;
  • Estabelecer maior integração entre o sistema de ensino das redes: municipal, estadual e federal e entre a educação básica e superior;
  • Estreitar o diálogo em termos teórico-práticos no campo da Psicologia e da Pedagogia;
  • Possibilitar, em caráter multidisciplinar, debates no âmbito da pesquisa, do ensino e da extensão acerca de experiências inscritas nas áreas da Educação e da Psicologia.
  • Analisar os projetos de formação em curso, nos âmbitos do município, estado e União, a fim de inserir a temática da identidade do profissional a ser formado pela Faculdade de Educação da UFG.
  • Estabelecer vínculos acadêmicos entre diferentes instituições e grupos de pesquisa, visando o intercâmbio e o desenvolvimento de projetos integrados na problemática epistemológica da pesquisa na área da Educação e da Psicologia;
  • Discutir a identidade de psicólogos e pedagogos face aos desafios inerentes à consolidação de seu processo formativo, crítico e emancipatório;

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ANTUNES, R. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade no mundo do trabalho. 15. ed. São Paulo: Cortez, 2011.

 

COELHO, I. Repensando a formação de professores. NUANCES: estudos sobre educação. Revista da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Unesp, ano IX, v.09, n. 9/10, jan./jun. e jul./dez. 2003.

DUARTE, N. As pedagogias do aprender a aprender e algumas ilusões da assim chamada sociedade do conhecimento. Revista Brasileira de Educação. Rio de Janeiro, n. 18, set./dez. 2001.

FREIRE, P. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP, 2000.

FREITAS, L. C. Qualidade negociada: avaliação e contra-regulação na escola pública. Educação & Sociedade, Campinas, v. 26, n. 92, p. 911-933, Especial - Out. 2005.

FRIGOTTO, G. A produtividade da escola improdutiva. São Paulo, Cortez, 1999.

GOHN, M. G. Educação não-formal, participação da sociedade civil e estruturas colegiadas nas escolas. Ensaio: avaliação e políticas públicas em educação, Rio de Janeiro, v.14, n.50, p. 27-38, jan./mar. 2006.

LUKÁCS, G. Ontologia dell’essere sociale II. Roma: Riuniti, 1981.

PINO, A. As marcas do humano: às origens da constituição cultural da criança na perspectiva de Lev S. Vigotski. São Paulo, SP: Cortez, 2005.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS. Projeto do curso de Psicologia, Goiânia, 2006.

______. Projeto do XX Simpósio de Estudos e Pesquisas da Faculdade de Educação, Goiânia Política de Formação e formação de políticas – reconfiguração de tempos e espaços. Goiânia, 2011.

______. Plano de Trabalho do XIX Simpósio de Estudos e Pesquisas da Faculdade de Educação: Conhecimento e modernidade – velhos e novos desafios. Goiânia, 2010.

______. Relatório do XV Simpósio de Estudos e Pesquisas da Faculdade de Educação: Estado, cultura e educação. Goiânia, 2006.

______ Relatório do XX Simpósio de Estudos e Pesquisas da Faculdade de Educação – Políticas de formação e formação de políticas: reconfigurações de tempos e espaços. Goiânia, 2011.

RAMOS, M. N. A Pedagogia das competências: autonomia ou adaptação? São Paulo: Cortez, 2001.

SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 10 ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2008.

______; DUARTE, N. A formação humana na perspectiva histórico-ontológica. Revista Brasileira de Educação. Rio de Janeiro, v. 15 n. 45 set./dez. 2010.

ZANOLLA, S. R. S. Reflexões acerca da reformulação do currículo do curso de Pedagogia da Faculdade de Educação da UFG. Inter-Ação: Revista da Faculdade de Educação UFG, Goiânia, v. 32, n. 2, p. 391-398, 2007.